Dominguinhos morreu ontem,
aos 72 anos, às 18h, em decorrência de complicações infecciosas e
cardíacas. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo,
desde o dia 13 de janeiro, quando foi transferido do Hospital Santa
Joana, no Recife.
BIOGRAFIA
O sanfoneiro, compositor e cantor José Domingos de Morais, o
Dominguinhos, de 72 anos, nasceu em Garanhuns, em Pernambuco, em 12 de
fevereiro de 1941. No sangue, dizem os amigos, trazia o dom da música,
pois seu pai, mestre Chicão, era famoso na região como tocador e
afinador de foles. Ao longo da carreira, gravou 42 discos e teve como
padrinho de sua carreira o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que conheceu
ainda menino, aos 8 anos.
Com os irmãos, Moraes, na sanfona, e Valdomiro, na zabumba, Dominguinhos
formou o trio Os Três Pinguins e tocou em feiras e hotéis de
Pernambuco. Em uma das apresentações, conheceu Luiz Gonzaga, que lhe
ofereceu dinheiro e deu seu endereço no Rio de Janeiro.
Em 1954, Dominguinhos foi para o Rio de Janeiro com o pai e os irmãos.
Com o endereço em mãos, visitaram Gonzaga, que entregou a Chicão uma
sanfona. Passou a frequentar a casa de Gonzaga e a cena artística do
Rio.
Ainda no Rio, Dominguinhos conheceu a cantora Marinez, considerada por
ele a maior cantora de baião de todos os tempos; o cantor Zito Borborema
e o zabumbeiro Miudinho. Com os dois últimos, criou o Trio Nordestino,
que tocou em circos e arrasta-pés no interior do estado.
Durante a longa carreira, de mais de 50 anos, Dominguinhos foi convidado
para tocar com diversos artistas da música popular brasileira como
Sivuca, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa e Gilberto Gil.
Para Clodo Ferreira, amigo e compositor de diversas parcerias, o
sanfoneiro foi um gênio musical. “Pouca gente no Brasil tem o talento de
Dominguinhos. Ele é um modelo para os compositores brasileiros,
principalmente os nordestinos”, diz em entrevista à Agência Brasil.
Clodo lembra que Dominguinhos já tocava músicas nordestinas com seus
irmãos quando conheceu Luiz Gonzaga.
Clodo conta que Querubim é a parceria mais querida que tem com
Dominguinhos, que entrou de forma definitiva na música brasileira. “Ele
compôs com Gilberto Gil, com Chico Buarque, Djavan. A qualquer gênero
ele se adaptou muito bem. Ele foi um harmonizador avançado e criativo,”
diz.
Para o maestro Marcos Farias, afilhado de batismo de Luiz Gonzaga, o
sanfoneiro passou a ser o maior representante vivo da música nordestina,
depois da morte do rei do Baião. “Foi ele quem botou o chapéu de couro
na cabeça, a sanfona no peito e cantou com Gonzaga”, destacou em
entrevista à Agência Brasil.
Farias lembra a amizade de Dominguinhos com Gonzagão. “Ele foi motorista
de Gonzaga, apadrinhado dele e participou da maior parte dos discos
de Gonzaga tocando sanfona. Quando o Gonzaga já estava nos derradeiros
momentos, passou a coroa pra o Dominguinhos.”
Dominguinhos foi vencedor do Grammy Latino em 2002, com o CD Chegando de
Mansinho. Entre suas músicas mais conhecidas estão Eu Só Quero um Xodó,
De Volta Para o Aconchego e Isso Aqui Tá Bom Demais.
Segundo Clodo, há cerca de seis anos o sanfoneiro se tratava de um
câncer no pulmão, mas em momento algum parou de trabalhar. Dominguinhos
foi internado na Unidade de Terapia Intensiva Coronariana do Hospital
Santa Joana, no Recife, no dia 17 de dezembro, com um quadro de infecção
respiratória e arritmia cardíaca. Depois, foi transferido, em janeiro,
para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde morreu ontem (23) em
decorrência de complicações infecciosas e cardíacas. Dominguinhos teve três filhos e era separado.
Segundo a ex-mulher de Dominguinhos, Guadalupe Mendonça (foto), o velório em
São Paulo ocorrerá até as 16h. Depois, o corpo seguirá para Recife de avião. O voo está previsto para as 23h10, saindo do Aeroporto de
Guarulhos, na região metropolitana. Na quinta (25), o corpo será velado na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco e deverá ser enterrado
na sexta-feira (26).
Fonte: Agência Brasil
Fotos: Google